quinta-feira, 3 de maio de 2012

RAÇA DA SEMANA: O SORRIDENTE SAMOIEDA

 

 
 
Dá para não sentir vontade de afagar essa montanha sorridente, de pêlos fofos e densos?
“Sempre há quem queira abraçar meus Samoiedas quando os levo para passear”, conta Gilvanete Flores Coelho (veja qualificação dos entrevistados no quadro Consultores) .
“É comum alguém perguntar se os cães mordem e, ao saber que não, agir como se fossem ursos de pelúcia.”

“Com sua aparência e atitudes amigáveis, o Samoieda é sucesso como intermediário nas terapias de crianças com necessidades especiais”, afirma Alessandra Cormin Martins, médica psiquiatra e criadora da raça. “Até mesmo depois de obterem alta as crianças voltam para brincar com os Samoiedas.”
Inquisitivo, vivaz e travesso, esse cão é um companheirão alegre, inclusive quando está na velhice.
“Dá pulinhos e sacode a cauda chamando para brincar”, explica Alessandra.

Apesar de tanta fofura e elegância (reparou na cauda apoiada sobre o dorso?), o Samoieda é um cão rústico.
Originário do norte da Rússia e da Sibéria, ele já puxou muitos trenós e pastoreou renas para as tribos dos Samoiedas, as responsáveis pela formação da raça.
Até o enorme urso polar o Samoieda espantava, atuando em matilhas.

Outro papel importante desse cão era compartilhar o dia-a-dia das tribos e o interior de suas habitações. Nessas ocasiões, a força, a resistência e a energia necessárias para desempenhar seu trabalho e para sobreviver no rigoroso clima ártico eram substituídas por um estilo calmo e pacífico. Às vezes era requisitado para a mais aconchegante de suas funções: aquecer os donos, com ajuda da dupla pelagem.
As três consultoras desta matéria mantêm os seus Samoiedas no quintal, mas com acesso ao interior da casa.
“Se meus Samoiedas não estiverem brincando lá fora, estarão deitados ao redor da minha escrivaninha enquanto trabalho”, exemplifica Alessandra.

A maior criação de Samoieda ocorre nos Estados Unidos. Em 2003, 1.542 filhotes foram registrados no American Kennel Club , a 67ª posição entre 150 raças.
“O comprador norte-americano de Samoieda quer principalmente companhia”, informa Celinda Cheskawich, secretária de registros do Samoyed Club of América
( www.samoyed.org/Samoyed_Club_ of_America.html ).
Fundado há mais de 80 anos, o clube tem mais de 1.600 associados. São promovidas competições em obediência, skijoring (o cão, com guia, puxa seu parceiro que está sobre um esqui), agility, pastoreio e corridas de trenó.
Há títulos de trabalho para o Samoieda que participa de pet terapia (cada hora vale pontos) e de eventos nos quais puxa peso (weight pulling).
Outras atividades podem valer também esses títulos, como atuar em buscas e resgates.
“Alguns Samoiedas têm salvado vidas humanas com esse tipo de atuação”, comenta Celinda.
“Para mim, os eventos mais interessantes são os de pastoreio e as corridas de trenó, nos quais o Samoieda faz o mesmo trabalho de seus ancestrais.”

Samoieda /Sibéria 1962


Tribo dos samoeidas/1962
 
No Brasil, a raça foi introduzida em 1975 e ainda é pouco conhecida. Em 2003, 141 filhotes obtiveram registro na Confederação Brasileira de Cinofilia.
Nasceram principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Apenas 10 vieram de outros Estados: Bahia, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Mato Grosso (veja gráficos) .
“Alguns criadores planejam criar um clube da raça para dar impulso ao Samoieda no Brasil”, anuncia Alessandra.




 
Nas épocas mais quentes, o Samoieda perde boa parte do subpelo. Como a raça não tem odor forte, são desnecessários banhos freqüentes.
Mas a escovação periódica é importante. “Duas escovações por semana reforçam o brilho cintilante típico da raça, tiram nós e emaranhados que podem impedir a ventilação e causar irritação da pele, além de manterem o Samoieda limpo, cheiroso e com o pêlo macio”, orienta Alessandra.
“Banho só quando o cão estiver realmente muito sujo ou com o pêlo embolado; usa-se xampu para pelagem branca ou xampu neutro e enxágua-se bem”,
recomenda Gilvanete. E Alessandra ressalta a importância de secar muito bem os pêlos, já que a umidade é a grande vilã contra a pele saudável.

“Samoiedas são glutões e engordam com facilidade”, diz Gilvanete.
“Cabe aos donos manter a dieta do Samoieda equilibrada e recomendo levá-lo para duas caminhadas por dia, tanto para quem mora em casa como em apartamento.”

CARISMA E DOCILIDADE

Desde o início, o Samoieda precisava conviver bem com adultos, crianças e idosos, seja da família do dono, seja de toda a tribo.
A pontuação dada pelos consultores
, mostra que esse traço se mantém.

O apego às pessoas, entretanto, não significa submissão a elas. O Samoieda aceita bem a liderança humana, mas está sempre pronto a assumir ele próprio a liderança (em matilha, o líder geralmente é um macho, mas pode ser uma fêmea).
“O dono precisa saber ser firme para desencorajar comportamentos indesejados no cão, caso surjam”, deixa claro Alessandra.

O Samoieda adulto costuma se meter em brigas com cães do mesmo sexo. “Para reduzir as chances, o ideal é acostumar os exemplares de mesmo sexo a conviverem desde filhotes”, orienta Gilvanete. Se o Samoieda não estiver acostumado a conviver com gatos, poderá querer caçá-los.
O Samoieda pode ser barulhento ou não. “Quando um cão da raça está perto de uma pessoa conhecida, dificilmente incomoda com latidos”, ensina Gilvanete.
“Já o exemplar que fica no quintal pode latir com freqüência para manter seu líder, o dono, informado.” Alessandra reforça: “Se o Samoieda estiver sozinho e se sentir ignorado, poderá pedir a presença do dono com latidos e uivos baixos e contínuos, tristes.” Falar com o dono quando chega em casa é outra característica da raça.
“Sempre algum dos meus Samoiedas vem contar como foi o dia, com sons contínuos, lentos e seguidos, de diversas intensidades e timbres, como se fosse conversa mesmo”, conta Alessandra.

Ao latir para um estranho, esse cão une o útil ao agradável.
Chama a atenção do dono e dá boas-vindas à pessoa. “Mesmo quando não conhecem uma visita, basta eu abrir a porta para ela e os Samoiedas correm para pedir carinho e participar”, conclui Gilvanete. 

CRÉDITOS: PET BRAZIL